Meu nome é Débora. Sou de Belo Horizonte e escalo há quase nove anos. Desde que comecei a escalar nunca mais parei. Comecei escalando na Rokaz Escalada, acadêmia em Belo Horizonte, e me apaixonei pelo esporte.
Ia para a pedra quase todo final de semana até conseguir morar na Serra do Cipó (um dos melhores picos do Brasil ). Lá abrimos uma cervejaria, mas não deu muito certo e resolvemos trabalhar nas temporadas, pro pessoal da cidade, já que o turismo local é bem desenvolvido.
Vivíamos sem internet em casa, sem telefone e televisão. Vivíamos a simplicidade e a sinceridade. A simplicidade de ter o necessário e a sinceridade de estar abdicando de quase tudo pra estar ali.
Por 3 anos vivi a escalada e foi uma grande evolução tanto no esporte quanto pessoalmente. Eu consegui entender que tudo que passava na rocha, escalando na pedra, a forma de lidar com cada projeto, o processo para mandar uma via, a própria caminhada, o ritual até chegar ao pico, tudo isso me ensina muita coisa que coloco em prática na minha rotina.

A escalada é também terapêutica, principalmente nas vias longas, para mim. É a mesma coisa de estar meditando. É uma grande oportunidade de autoconhecimento. Eu consigo me desligar totalmente e viver aquilo intensamente, da hora que eu chego na pedra até a hora de ir embora.
Quando resolvemos mudar para Uberlândia eu estava grávida da Safira e começamos a planejar um muro de escalada. Nosso objetivo era abrir uma academia e começamos a batalhar por isso. Passei a trabalhar também com culinária com o objetivo de fazer uma marca árabe vegetariana e vegana, a Síria Culinária Alternativa.

Deu muito certo! Construímos nosso Campos e conseguimos fazer nosso muro de escalada, Espaço Tridimensional. A galera daqui sempre pediu muito para que abríssemos o espaço para aulas. Como já estava em nossos planos, abrimos a academia antes do que imaginávamos. Hoje temos a oportunidade de passar o nosso conhecimento para os nossos amigos e o melhor, consegui reunir muitas mulheres para iniciar/evoluir na escalada junto comigo.
Sempre escalei com homens e queria muito expandir o esporte pra mulherada. Era meu grande objetivo com a academia. São momentos de bastante descontração, encontramos os amigos, escalamos juntos, trocamos experiencias e jogamos também conversa fora. Mas também tem treino personalizados e tudo que um escalador precisa pra evoluir no esporte. Fazemos vivências na rocha e abrimos portas para esse esporte maravilhoso.

Juntamente com isso, resolvi estudar Yoga para continuar perto da minha filha e trabalhado com o que amo. Escalada, Yoga e Comida. O casamento perfeito (risos). Hoje preciso do Yoga para a Escalada e preciso da Escalada para o Yoga. Atualmente dou aula de Hatha Yoga para mulheres, unindo conhecimento do Sagrado Feminino, trabalhando o autoconhecimento das alunas e a percepção de conexão com os ciclos da Lua. Quanto mais estou em contato com isso, mais me conecto também. É uma troca energética maravilhosa e eu simplesmente amo ensinar para as minhas alunas tudo que eu aprendo.

A escalada me trouxe tudo. Encontrei um estilo de vida, encontrei uma família, a família da pedra, amigos-irmãos que compartilham comigo minha vida pessoal e o esporte. Encontrei meu parceiro da vida que também escala e que sempre foi um grande amigo e seg. Juntos tivemos a Safira que é nossa preciosa e que também ama escalar e ir com a gente pro mato. Ela se sente em casa como nós e unir a maternidade, a escalada e o Yoga é um grande desafio e um lindo aprendizado. Tenho me conhecido cada vez mais e amadurecido minha forma de ver meus projetos na rocha conforme vou evoluindo nas minhas questões internas como mãe. A escalada me permitiu enxergar a vida de uma forma mais simples, abrindo meu campo de visão pro que realmente importa.
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